Já há algum tempo que andava para ver o filme "Flor do Deserto", filme este baseado numa história veridica. Já vi e gostei bastante.
Nada que já não soubesse, não tivesse sido eu em tempos uma devoradora de livros como "Queimada Viva", "Vendidas", etc...
É de facto impressionante como ainda, após toda esta luta, existem países que continuam a autorizar a ablação!
Nos livros relata-se uma quantidade de factos ainda maiores e tão chocantes como a ablação!
Waris Dirie foi uma modelo, que tem hoje 45 anos, proveniente da Somália, que sofreu com 3 anos de idade a mutilação genital feminina. esta prática não só faz parte da cultura da Somália como de outros países como o Yemen ou em determinados países de África.
Esta prática consiste em arrancar o clitóris e os pequenos lábios genitais ficando apenas um pequeno orificio do tamanho da cabeça de um fósforo, com a finalidade de ser rasgada só após o casamento e efectuada pelo marido com uma faca para se realizar a sua primeira relação sexual.
Assim que as meninas têm a primeira mestruação são prometidas em casamento com um homem que as compra.
Waris Dirie fugiu da aldeia em que vivia com a familia aos 12 anos, um dia logo após a saber que seria obrigada por seu pai a casar com um homem de 60 anos, do qual seria a sua 4ª esposa. Na época, atravessou sozinha um dos desertos somálicos, passando fome e sede e ficou com bastantes ferimentos nos pés. Conseguiu chegar à capital do seu país - Mogadisco - onde se encontrava a sua avó que após algum tempo conseguiu que sua neta fosse levada para Londres para trabalhar como mulher a dias na embaixada da Somália. Passou a sua adolescência a trabalhar na Embaixada, não saindo nunca de casa, razão essa que a levou a não aprender nem um pouco da língua inglesa.
Assim que a Guerra na Somália termino, todos os funcionários da Embaixada foram convocados para retornar ao país e é nessa altura que Waris foge e pede ajuda a uma mulher que se tornou sua amiga e lhe arranjou emprego como empregada do Mac Donalds.
Foi nesse seu trabalho que foi observada por um grande fotógrafo que a lançou no mundo como modelo, a partir de então converteu-se numa defensora da luta pela erradicação da prática da Mutilação Genital feminina e é actualmente embaixadora da ONU.
Waris trabalhou para a chanel, foi várias vezes capa da Vogue, trabalhou para a versace, cartier, Loreal, Levis, etc. Chegou mesmo a entrar no filme James Bond Alta Tensão.
Existe ainda uma fundação designada por Desert Dawn.
Tem 12 irmãos, onde alguns deles já morreram há bastante tempo.
Waris obteve nacionalidade britânica e em 2004 foi atacada violentemente em seu domicilio em Viena por um jovem português (chamado Paulo, que já tinha ido à sua casa) que alegou ser ela a mulher da sua vida.
Na foto em baixo encontra-se do lado esquerdo Waris e do lado direito a actriz que fez de Waris no filme.