Entrevista José Sócrates - Março 2011

Não sei se o povo português ontem ouviu e viu inteiramente a entrevista ao Primeiro Ministro José Sócrates.

Eu ouvi e com muita atenção.

A entrevista ocorreu na Sic Noticias, pelo menos foi onde eu vi e confesso que senti-me sempre irritada e desconfortável com as perguntas ridiculas da entrevistadora. O Primeiro Ministro chegou mesmo a ter que lhe responder uma vez "Essa questão só demonstra um desconhecimento profundo sobre este assunto"! Impressionante como os jornalistas conseguem distorcer a realidade. Deveria ser proibido.

Tudo bem que uns dizem umas coisas e outros dizem outras deixando o povo descrente e sem saber em quem acreditar. Contudo, os "media" deixam isto ainda pior....
Então não é, que após tantas e tantas vezes do Primeiro Ministro referir o quanto está preocupado com o país e dizer que não considera que a ajuda externa seja a melhor opção para Portugal, entre outras coisas,  os jornalistas distorcem a realidade e concluem coisas que ele não disse.

Sem dúvida alguma que eu não conseguia ser Primeira Ministra! Assim que o José Sócrates virou as costas, os jornalistas olham para a câmara e concluem, transmitindo ao povo, coisas que não são totalmente reais e a interpretação não é bem essa. Isso é ser básico e optar pelo caminho mais fácil... pôr lenha na fogueira. Se fosse eu, voltaria para trás e dizia: "olha lá meu parvo, por acaso foi isso que eu disse? É essa a conclusão que tu tiras das minhas palavras?".... Eu partia a louça toda.

O jornalista que lhe questionou sobre alguns assuntos após o término da  sua entrevista, fez-lhe as mesmas perguntas 3 vezes e o próprio Primeiro-Ministro respondendo repetidamente chegou mesmo a ter que dizer o seguinte: "Eu já lhe respondi a isso 3 vezes, não vou responder mais uma vez"! Assim é que se fala!

Se há uma coisa que é verdade é que o nosso actual Primeiro-Ministro tem um discurso muito fluente e coerente. Ele sabe falar e sabe cativar a atenção das pessoas. Se é verdade ou não o que ele diz isso já são outros quinhentos. Mas quem pode comprovar quem é que está a dizer a verdade??? NInguém! Por isso na dúvida mais vale dar um bónus a quem sabe argumentar e dizer as coisas de forma clara. 

Ontem ao ouvir o líder do PSD fiquei escandalisada com a sua argumetação! Desculpem-me os leitores deste blog, mas a verdade é que se tratou de uma pessoa que só provou não saber argumentar e não dizer coisa com coisa. A certa altura um deles responde para a jornalista "Nós não concordamos com o plano orçamental e as linhas de orientação do senhor primeiro ministro e não vamos dizer mais nada", e porque razão a jornalista não o questionou com "E que outras medidas alternativas apresentaria???!, isso sim deveria ter sido questionado. Tanto voto contra as ideias de Sócrates mas depois ninguém dá alternativas! Mais parece aqueles "Tugas" que muito gostam de discordar mas depois nem sabem explicar muito bem porque razão e só arranjam problemas e inconvenientes em vez de soluções. 

Ouvi também uma senhora do CDS-PP que me deixou intrigada com algo que ela disse.... Referiu que a dívida em 2010 (agora não me recordo se em 2010 ou 2009) era de 80 milhões e actualmente está em 100 milhões. Se isso é verdade ou não quem pode comprovar? Quem nos pode garantir o que é mentira e o que não é? Não sei se alguma vez a politica será tão transparente ao ponto de estarmos em constante acompanhamento com a mesma. As cimeiras, conferências e reuniões dessas negociações entre politicos deveriam ser filmadas todas elas em directo e serem transmitidas para um canal especial apenas destinado a esses casos. Só assim conseguiriamos ter a oportunidade de acompanhar o nosso país ao mesmo passo que eles e tudo seria bem mais transparente e claro.

Os jornalistas não deveriam dar as suas "péssimas" interpretações, porque isso pode levar a um engôdo e influenciar as pessoas mais idosas que pouco perceberam a entrevista e vão acreditar naquilo que é resumido no final seguindo as "brilhantes" conclusões dos jornalistas para encher as manchetes dos jornais com as noticias mais escandalosas.    

Eu acho que a jornalista que entrevistou José Sócrates foi muito mal escolhida, e com um plano de questões muito pouco esteriotipado e coerente. As perguntas eram super repetitivas e em nada avançavam na entrevista e no teor da conversa. Se é mesmo real dessa subida de défice então porque ela não o questionou sobre o assunto???

Porque não lhe questionou sobre o porquê o nosso país viver no desenrasque e não sobre um plano de prevenção?! Porque não lhe questionou sobre o discurso de Durão Barroso?

Enfim, houveram muitas questões deixadas para trás sem resposta.

Quanto ao Senhor Pedro Passos de Coelho só tenho a lamentar os seus discursos repletos de frases feitas que de conteúdo pouco acrescentam de relevância ao nosso país. Neste momento precisamos é de agir rapidamente e eficazmente e não andar a fazer "birras" de crianças e revelar imaturidade e confrontalidade entre politicos e partidos.

Se há algo que concordo com Sócrates por inteiro é que não deveremos recorrer a ajuda externa (ao FMI), porque aí iremos estar a colocar as nossas politicas, o nosso país nas mãos de quem não faz parte de Portugal. Além do mais isso seria dar um pontapé para a frente no problema, como o próprio Durão Barroso o refere. As taxas que seriam colocadas para a venda da dívida iriam ser altas e quem sabe num periódo de 5 a 10 anos iriamos sofrer na pele o que a Irlanda e a Grécia (que recorreram a ajuda externa) estão a sofrer.... para quem não sabe algumas das medidas do FMI nesses países passaram por terminar com o 13º mês, diminuição do salário minimo, congelação de reformas, entre outras. Acham que é disto que o nosso país precisa??? Ainda mais??? Não!

É claro que precisamos todos nós de colaborar para ajudar a diminuir e extinguir o défice, mas existem tantas outras formas, muitas delas apresentadas pelo Primeiro Ministro, como os medicamentos não serem comparticipados, encerramento de escolas públicas com quantias de alunas reduzidas, entre outras!

Agora existirem partidos contrariando o plano orçamental de Sócrates sem fornecerem outras soluções isso é mais que rídiculo. É não fazer e não permitir que mais ninguém faça. É criar dificuldades e não arranjar soluções!

Perdem automaticamente a moral!

è certo que já é tempo de sermos um povo que idolatre o mesmo partido, como os ingleses concordam com todas as palavras da rainha (embora não seja ela a governar, é um icone para o povo), como foi Evita, como foi Lula, entre outros! Nós não, cada um puxa a corda para onde quer, nunca se chega a um concenso.

Durão Barroso é um homem bastante inteligente e a realidade é que ele partilha da opinião de Sócrates - não recorrer a ajuda externa e o PEC terá de ser aprovado.

Mesmo que o PEC possa sofrer alterações tem é que ser aprovado, para não recorrermos a ajuda externa. O Primeiro-Ministro referiu que os outros partidos não apresentaram soluções, outras alternativas a apresentar no PEC, então se não dão alternativas pelo menos não incomodem nem dificultem!